Escolas Literárias: Saiba Quais as Principais
Escolas Literárias: Entendendo as Principais Correntes da Literatura
As escolas literárias são movimentos ou correntes que agrupam obras literárias com características comuns, refletindo o contexto histórico, social e cultural de uma época. Compreender essas escolas é fundamental para interpretar textos literários e entender a evolução da literatura ao longo do tempo.
O Que São Escolas Literárias?
Escolas literárias são grupos de obras que compartilham características temáticas, estilísticas e ideológicas, surgindo em resposta às mudanças na sociedade e na cultura. Essas escolas moldam a forma como os autores escrevem, influenciando o conteúdo e a forma das obras literárias.
Principais Escolas Literárias
A seguir, vamos explorar as principais escolas literárias, desde o período medieval até a modernidade. Cada escola tem características próprias e reflete o pensamento de sua época.
1. Trovadorismo (Século XII a XIV)
O Trovadorismo é a primeira manifestação literária da língua portuguesa, surgida na Idade Média. Caracteriza-se pela produção de cantigas, divididas em dois tipos principais: cantigas de amor e cantigas de amigo.
- Cantigas de Amor: Falam de um amor platônico, em que o poeta expressa seu amor idealizado por uma dama inatingível.
- Cantigas de Amigo: Têm uma voz feminina, onde a mulher expressa suas saudades ou lamentações pelo amado.
Exemplo: “Cantiga da Ribeirinha” é uma das mais famosas do período, onde o trovador expressa seu amor por uma dama.
2. Classicismo (Século XVI)
O Classicismo surgiu no Renascimento, inspirado na cultura greco-romana. Valorizava a harmonia, o equilíbrio e a racionalidade. Os autores classicistas buscavam a perfeição formal em suas obras.
- Temas: Mitologia, natureza e o ser humano.
- Estilo: Uso de sonetos, métrica rígida e linguagem culta.
Exemplo: Luís de Camões é o principal representante do Classicismo em Portugal, com sua obra épica “Os Lusíadas”, que narra as aventuras dos navegadores portugueses.
3. Barroco (Século XVII)
O Barroco surgiu em um período de crise religiosa e política, refletindo a dualidade entre o divino e o terreno. Caracteriza-se pelo contraste, complexidade e exagero nas descrições.
- Temas: Conflito entre o bem e o mal, a salvação e o pecado.
- Estilo: Linguagem rebuscada, uso de antíteses, paradoxos e hipérboles.
Exemplo: “Prosopopeia” de Bento Teixeira, é um dos primeiros textos barrocos em língua portuguesa, evidenciando a angústia espiritual e o conflito entre corpo e alma.
4. Arcadismo (Século XVIII)
O Arcadismo ou Neoclassicismo surgiu como uma reação ao Barroco, propondo um retorno à simplicidade e à natureza. Os autores árcades buscavam a vida bucólica e o equilíbrio.
- Temas: Natureza, vida simples, amor idealizado.
- Estilo: Linguagem simples, valorização do campo e da vida tranquila.
Exemplo: “Marília de Dirceu” de Tomás Antônio Gonzaga, é uma obra clássica do Arcadismo, onde o autor exalta a vida pastoril e o amor puro.
5. Romantismo (Século XIX)
O Romantismo foi um movimento que valorizava a emoção, a individualidade e a liberdade. Rompeu com as regras rígidas do Classicismo, explorando a subjetividade e os sentimentos humanos.
- Temas: Amor, morte, natureza, nacionalismo, escapismo.
- Estilo: Subjetividade, idealização, nacionalismo, linguagem emotiva.
Exemplo: José de Alencar, com “Iracema”, representa bem o Romantismo brasileiro, ao exaltar a natureza e os valores nacionais através de uma narrativa lírica e envolvente.
6. Realismo (Século XIX)
O Realismo surge como uma resposta ao idealismo romântico, propondo uma visão mais objetiva e crítica da realidade. Os autores realistas focam em temas sociais e psicológicos, explorando a vida cotidiana e as injustiças sociais.
- Temas: Cotidiano, crítica social, análise psicológica.
- Estilo: Descrição detalhada, objetividade, linguagem clara e direta.
Exemplo: “O Primo Basílio” de Eça de Queirós, é uma obra clássica do Realismo, onde o autor critica a hipocrisia e as convenções sociais da época.
7. Naturalismo (Século XIX)
O Naturalismo é uma ramificação do Realismo, com uma ênfase maior no determinismo e na influência do ambiente e da hereditariedade sobre o comportamento humano. Os autores naturalistas exploram temas como o instinto, a sexualidade e as condições sociais extremas.
- Temas: Instinto, hereditariedade, meio ambiente.
- Estilo: Descrição minuciosa, linguagem científica, foco no lado animal do ser humano.
Exemplo: “O Cortiço” de Aluísio Azevedo, é uma obra marcante do Naturalismo, retratando as condições de vida dos moradores de um cortiço e como o ambiente influencia seus comportamentos.
8. Parnasianismo (Final do Século XIX)
O Parnasianismo é um movimento poético que surge como uma reação ao sentimentalismo do Romantismo, valorizando a forma e a perfeição técnica. Os autores parnasianos se preocupam com a estética e a construção formal dos versos.
- Temas: Arte pela arte, perfeição formal, cultura clássica.
- Estilo: Sonetos, rigor formal, uso de linguagem elaborada.
Exemplo: Olavo Bilac, com seu soneto “Via Láctea”, é um dos principais expoentes do Parnasianismo no Brasil, conhecido por sua precisão formal e culto à beleza.
9. Simbolismo (Final do Século XIX)
O Simbolismo surge como uma reação ao materialismo do Realismo e Naturalismo, buscando expressar o espiritual, o místico e o subjetivo. Os autores simbolistas utilizam símbolos e metáforas para transmitir emoções e estados de espírito.
- Temas: Espiritualidade, mistério, subjetividade.
- Estilo: Linguagem sugestiva, musicalidade, uso de símbolos e metáforas.
Exemplo: “Broquéis” de Cruz e Sousa é uma obra importante do Simbolismo, onde o autor utiliza uma linguagem rica em imagens e sons para expressar sua visão de mundo.
10. Modernismo (Século XX)
O Modernismo é um movimento literário que surge como uma ruptura com as tradições anteriores, propondo a liberdade de expressão e a experimentação. No Brasil, o Modernismo se inicia com a Semana de Arte Moderna de 1922, que revolucionou a literatura, as artes plásticas e a música.
- Temas: Urbanização, industrialização, identidade nacional, questões sociais.
- Estilo: Liberdade formal, uso de linguagem coloquial, experimentação.
Exemplo: “Macunaíma” de Mário de Andrade, é uma obra que sintetiza o espírito modernista, ao mesclar mitologia indígena, cultura popular e crítica social em uma narrativa inovadora.
Conclusão: A Importância de Entender as Escolas Literárias
Compreender as escolas literárias é essencial para interpretar as obras literárias em seu contexto histórico e cultural. Cada escola reflete os valores, as preocupações e os desafios de sua época, permitindo-nos entender melhor a evolução do pensamento humano através da literatura.
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