Entenda o Parnasianismo no Brasil
Parnasianismo no Brasil: Entenda Esse Movimento Literário
O Parnasianismo no Brasil foi um movimento literário que surgiu no final do século XIX, como uma reação ao sentimentalismo do Romantismo. Com ênfase na forma e no rigor técnico da poesia, os parnasianos buscaram a perfeição estética, afastando-se das emoções exacerbadas dos românticos. Neste texto, vamos explorar o Parnasianismo no Brasil em profundidade, explicando suas características, principais autores e obras, além de exemplos práticos para facilitar o entendimento.
O Que Foi o Parnasianismo?
O Parnasianismo foi uma escola literária que surgiu na França, mas ganhou força no Brasil a partir da década de 1880. Seu nome deriva do monte Parnaso, na Grécia, local associado aos deuses da poesia na mitologia grega. Os poetas parnasianos acreditavam que a poesia deveria ser uma arte precisa, valorizando a forma sobre o conteúdo. Assim, dedicavam-se ao rigor formal, ao uso correto da métrica e à estética perfeita.
Esse movimento contrapunha-se ao Romantismo, que valorizava a subjetividade e as emoções. No Parnasianismo, o foco era o objeto e a forma, sem espaço para sentimentalismos. No Brasil, o Parnasianismo foi amplamente adotado, especialmente por poetas que defendiam a ideia de que a poesia deveria ser objetiva e desprovida de excessos emocionais.
Características do Parnasianismo no Brasil
As principais características do Parnasianismo no Brasil incluem o culto à forma perfeita, a objetividade, a impessoalidade e a preferência por temas clássicos. Vejamos mais detalhadamente cada uma dessas características:
1. Culto à Forma Perfeita
Os poetas parnasianos eram obcecados pela perfeição formal. Eles seguiam regras rígidas de métrica e rima, buscando a harmonia estética em seus versos. Para os parnasianos, a forma de um poema era tão ou mais importante que seu conteúdo. A poesia deveria ser como uma obra de arte esculpida com precisão.
Por exemplo, um dos recursos mais utilizados pelos parnasianos era o soneto, uma forma poética de 14 versos, com rima rigorosa e métrica fixa (normalmente decassílabos).
2. Objetividade
Diferente do Romantismo, onde o “eu” lírico expressa emoções pessoais, o Parnasianismo valoriza a objetividade. A poesia deve se concentrar no objeto descrito, sem trazer para o poema o estado emocional do poeta. A atenção recai sobre as coisas em si, como em uma obra de arte que deve ser apreciada por sua beleza e técnica, e não por seu conteúdo sentimental.
3. Impessoalidade
A impessoalidade é outro traço marcante do Parnasianismo. Ao contrário dos poetas românticos, os parnasianos evitavam o tom confessional em suas obras. Para eles, o eu lírico não deveria expressar seus sentimentos, mas sim descrever o mundo externo de forma fria e precisa. O foco não era a emoção, mas a descrição objetiva.
4. Temas Clássicos e Mitológicos
Os temas clássicos, como figuras da mitologia grega e romana, eram comuns nas poesias parnasianas. O retorno a esses temas evidenciava a admiração pela cultura greco-romana e a busca pela perfeição estética, associada à arte clássica. Além disso, a valorização da cultura clássica reforçava a noção de que a poesia deveria ser uma arte elevada, distante das paixões humanas cotidianas.
Principais Autores do Parnasianismo no Brasil
No Brasil, o Parnasianismo teve uma grande aceitação e alguns de seus poetas se tornaram os mais renomados da literatura nacional. Entre os principais autores parnasianos brasileiros, destacam-se Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira. Vejamos um pouco mais sobre cada um deles.
1. Olavo Bilac
Olavo Bilac é, talvez, o poeta mais famoso do Parnasianismo brasileiro. Suas poesias refletem o rigor formal típico do movimento, além de uma preocupação constante com a perfeição estética. Bilac era um grande defensor do uso correto da língua portuguesa e acreditava que a poesia deveria ser uma expressão da beleza formal.
Um exemplo claro do estilo de Bilac pode ser encontrado no poema “Via Láctea”, em que ele descreve o céu noturno com uma precisão estética admirável:
“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo,
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…”
Neste trecho, Bilac utiliza a métrica e a rima de forma precisa, construindo uma imagem lírica e, ao mesmo tempo, visual, sem apelo ao sentimentalismo.
2. Raimundo Correia
Outro grande nome do Parnasianismo no Brasil é Raimundo Correia. Sua poesia reflete a mesma busca pela perfeição formal, mas muitas de suas obras também exploram temas filosóficos e existenciais. Um de seus poemas mais conhecidos, “As Pombas”, é um exemplo clássico do rigor parnasiano e da impessoalidade que o movimento exigia:
“Vai-se a primeira pomba despertada…
Vai-se outra mais… mais outra… enfim dezenas
De pombas vão-se dos pombais, apenas
Raia sanguínea e fresca a madrugada.”
Note como Raimundo Correia descreve a cena de maneira objetiva, sem a interferência de sentimentos pessoais. A descrição das pombas é precisa, quase como se estivesse pintando uma tela com palavras.
3. Alberto de Oliveira
Alberto de Oliveira, outro importante poeta parnasiano, também se destacou pelo rigor formal de sua poesia. Seus poemas, assim como os de Bilac e Raimundo Correia, apresentam uma forte preocupação com a estética. Oliveira, no entanto, gostava de explorar mais temas relacionados à natureza e ao ambiente que o cercava, sempre com um tom impessoal e objetivo.
Em “Vaso Chinês”, Alberto de Oliveira ilustra bem a obsessão dos parnasianos pela descrição minuciosa de objetos:
“Vaso chinês, que, à sombra, entre as bambinelas,
Sorri da côr das porcelanas finas,
Cercam-te, em ouro e neve, as grinaldas divinas
De estranhas flores e de estranhas estrelas.”
Mais uma vez, o poema foca no objeto descrito, sem envolver o estado emocional do autor. A obra é um exemplo de como o Parnasianismo prioriza a beleza da forma e a exatidão das palavras.
Contexto Histórico do Parnasianismo no Brasil
O Parnasianismo no Brasil se desenvolveu em um momento de grandes mudanças sociais e políticas. O final do século XIX foi marcado pela transição do Brasil Imperial para a República, o que influenciou de diversas formas a produção cultural e literária do país. Enquanto o Romantismo expressava os ideais nacionalistas e o sentimento patriótico, o Parnasianismo refletia uma nova fase da sociedade, onde a arte e a técnica eram mais valorizadas do que as emoções.
Além disso, o avanço científico e o progresso industrial também tiveram um papel na adoção de uma visão mais objetiva e racional do mundo, aspectos que dialogavam com os ideais parnasianos.
Exemplos Práticos de Poesia Parnasiana
Agora que já abordamos as principais características e autores do Parnasianismo no Brasil, é importante observar exemplos práticos desse tipo de poesia. Ao ler poemas como “Profissão de Fé”, de Olavo Bilac, ou “Vaso Chinês”, de Alberto de Oliveira, o leitor pode identificar claramente o rigor técnico e a impessoalidade dos versos.
Esses textos servem como ferramentas eficazes para entender o que os poetas parnasianos defendiam: a poesia como arte pela arte, onde a forma era a principal preocupação.
Considerações Finais
O Parnasianismo no Brasil foi um movimento literário que destacou a importância da perfeição formal e da objetividade na poesia. Seus principais autores, como Olavo Bilac, Raimundo Correia e Alberto de Oliveira, seguiram fielmente os princípios desse movimento, criando obras que são até hoje referência em termos de rigor técnico e estética.
Embora o Parnasianismo tenha perdido força com o surgimento do Modernismo, seu legado permanece importante para a literatura brasileira. Ele nos lembra que, em alguns momentos, a arte pode existir pela arte, sem a necessidade de emoções ou subjetividades, sendo valorizada apenas por sua beleza formal e técnica.
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