Gramática Descritiva: Saiba Tudo Sobre

Gramática Descritiva: O Que É e Como Funciona

A gramática descritiva é uma abordagem ao estudo da língua que descreve como as pessoas realmente falam e escrevem em situações cotidianas. Ao contrário da gramática normativa, que dita regras sobre como a linguagem deve ser usada, a gramática descritiva não faz julgamentos de valor. Ela observa, analisa e registra os padrões linguísticos existentes sem considerar se estão “corretos” ou “errados”.

Esta abordagem é extremamente útil para entender a diversidade linguística e as variações que ocorrem em diferentes contextos sociais, regionais e históricos. A gramática descritiva se baseia na observação empírica, ou seja, naquilo que as pessoas efetivamente utilizam em sua comunicação.

Diferenças Entre Gramática Descritiva e Normativa

Para entender melhor o conceito de gramática descritiva, é importante compará-la com a gramática normativa. A gramática normativa estabelece normas, muitas vezes baseadas em um uso formal da língua, ensinando como os falantes deveriam usar a linguagem em contextos considerados adequados, como na escrita formal.

Por outro lado, a gramática descritiva se concentra no uso real. Se, por exemplo, uma comunidade de falantes diz “a gente vai” em vez de “nós vamos”, a gramática descritiva registra essa construção como parte do uso linguístico aceitável. Ela não tenta impor uma regra que obrigue o uso de “nós” em todas as situações.

Características da Gramática Descritiva

A gramática descritiva possui algumas características que a tornam essencial para o estudo das línguas naturais:

1. Registro de Variações Linguísticas

A gramática descritiva se preocupa em registrar todas as variações de uma língua, seja em diferentes regiões, classes sociais, ou grupos de idade. Por exemplo, no Brasil, pode-se ouvir “você vai” ou “cê vai” dependendo do contexto e da informalidade da situação. Ambas as formas são aceitas dentro do estudo descritivo, pois refletem o uso real da língua.

2. Neutro Quanto a Correções

Ao contrário da gramática normativa, a descritiva não corrige os falantes. Se alguém diz “os menino foram”, a gramática descritiva simplesmente registra que, naquele contexto ou grupo, essa estrutura é usada, mesmo que a norma culta recomende “os meninos foram”. Isso é importante para linguistas que estudam mudanças linguísticas ao longo do tempo.

3. Inclusão de Gírias e Expressões Regionais

Expressões populares e gírias fazem parte do escopo da gramática descritiva. Um exemplo disso é o uso da expressão “tipo assim”, muito comum na fala jovem. Embora possa ser considerada inadequada em um contexto formal, ela é uma construção linguística relevante para o estudo descritivo.

4. Evolução Linguística

A gramática descritiva reconhece que a língua está em constante evolução. O que é considerado comum hoje pode ter sido inaceitável décadas atrás. Por exemplo, o uso de pronomes de tratamento como “você” era considerado informal em muitos contextos, enquanto hoje é amplamente aceito em diversas situações formais e informais.

Exemplos Práticos de Gramática Descritiva

Para entender a gramática descritiva na prática, vamos observar alguns exemplos:

1. “A gente vai ao cinema.”

Pela gramática normativa, o correto seria “Nós vamos ao cinema”. No entanto, na fala cotidiana, “a gente” é amplamente usado para substituir “nós”. A gramática descritiva aceita essa construção, pois reflete o uso comum.

2. “Os menino estão brincando.”

Nesse caso, a gramática normativa exigiria “os meninos”, concordando o artigo e o substantivo no plural. No entanto, muitas falas regionais, especialmente na linguagem oral informal, negligenciam a concordância, e a gramática descritiva registra isso como uma variação linguística.

3. “Cê tá brincando!”

A redução da palavra “você” para “cê” é um fenômeno muito comum na fala coloquial. A gramática descritiva reconhece e registra esse uso, uma vez que reflete o modo como muitas pessoas se comunicam em contextos informais.

Importância da Gramática Descritiva no Ensino

Embora as escolas ainda ensinem amplamente a gramática normativa, é importante incluir a gramática descritiva para proporcionar uma compreensão mais ampla e completa da língua. Ao estudarem a língua como ela é falada, os alunos podem:

  • Compreender a diversidade linguística: A gramática descritiva ajuda a entender as variações regionais e sociais, proporcionando um respeito maior pelas diferenças linguísticas.
  • Reconhecer a evolução da língua: Ao observar como a língua muda ao longo do tempo, é possível entender que as regras gramaticais não são fixas.
  • Evitar preconceitos linguísticos: Ao compreender que todas as formas de falar têm valor dentro do seu contexto, é possível evitar julgamentos errados sobre pessoas que falam de maneira diferente.

Gramática Descritiva na Linguística

A gramática descritiva é uma ferramenta crucial para os linguistas, pois permite uma análise detalhada das formas como as línguas funcionam em diferentes contextos. Pesquisadores usam o estudo descritivo para criar dicionários, gramáticas de línguas pouco documentadas e até para analisar novas formas de comunicação, como a linguagem usada na internet, cheia de abreviações e expressões inovadoras.

Considerações Finais

A gramática descritiva é uma abordagem que busca descrever o uso real da língua, sem impor regras ou julgamentos. Ela se preocupa em documentar as variações linguísticas que ocorrem naturalmente entre os falantes, reconhecendo a diversidade e a evolução da linguagem. Ao entender a gramática descritiva, fica claro que a língua é viva e moldada pelo uso diário, e não apenas por regras fixas e imutáveis. Isso permite uma compreensão mais inclusiva e ampla da comunicação humana.


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